Um homem tinha quatro filhos. Pediu ao primeiro que fosse até o alto da montanha e visse uma grande árvore que ali havia. O filho foi e viu a árvore, ela era cheia de folhas, mas não tinha flores ou frutos. Depois de alguns meses pediu ao segundo filho para ver se a árvore ainda estava lá. O outro filho foi e viu que a grande árvore ainda estava lá, mas ela era cheia e com frutos. Mais alguns meses se passaram e o terceiro filho foi enviado para ver a árvore. Ele disse que a árvore estava lá, mas não era nada daquilo que seus irmãos disseram. A árvore parecia envelhecida e sem folhas ou frutos. Quando o último filho foi enviado voltou dizendo que árvore não parecia envelhecida, nem tinha fruto algum, mas era cheia de lindas flores. O pai então chamou os filhos e disse que todos viram a mesma árvore, mas em estações diferentes. As mudanças atravessadas pela árvore são fundamentais para sua vida. Assim também somos nós. Não somos exatamente aquilo que as pessoas estão vendo, mas estamos passando por um processo de aperfeiçoamento. Assim também são nossos casamentos. Eles não são simplesmente aquilo que as pessoas, ou até mesmo nós mesmos vemos em determinada época. Passar pelas mudanças no casamento significa viver com intensidade de modo planejado pelo Criador. A vida do casal é composta por vários ciclos. Estes ciclos são marcados pelas mudanças que acontecem na vida de cada um particularmente e que afeta o casamento, ou o contrário, as mudanças do casamento que podem afetar a essência do ser de cada um. Não existe uma comparação entre os momentos na vida de um casal e qual é a melhor fase do casamento. Cada momento traz consigo suas próprias alegrias e desafios. Todos eles têm seu estresse (tensão ou desgaste) e seu quantum (grandeza). Há um livro na Bíblia que descreve o ciclo na vida de um casal. O amor entre Salomão e Sulamita é o mais excelente cântico entre todos os cânticos que o sábio escreveu. Começa com o casamento que não deve ser algo forçado, mas voluntário, como o amor (não desperteis o amor até que este queira 3.5). Os investimentos também representam a importância do casamento (o rei Salomão fez um palanquim de madeira de Líbano 3.9).
1. A Lua de Mel!O primeiro momento do casal é a lua de mel. Este período começa logo após o casamento e é marcado pelo romantismo. Nele acontecem muitas mudanças: a adaptação ao outro, o endereço e as responsabilidades. É um momento de muita curtição, muitos sonhos e de agenda lotada. A Lua de Mel é repleta de elogios (em ti não há defeito 4.7), entrega (arrebataste-me o coração 4.9), admiração (melhor é o teu amor do que o vinho 4.10). O noivo pede à noiva que se desfaça dos pensamentos dispersos e dos temores da vida para se entregar totalmente a ele, pois não é apenas uma união física, mas também emocional e espiritual (vem comigo 4.8). O amor do noivo se encontra com o amor da noiva assim como um vento assopra um jardim (4.16). Deus deseja a satisfação no casamento (comei e bebei fartamente amados 5.1). O período da Lua de Mel é intenso (desfaleço de amor 5.8) e repletos de diálogos agradáveis (o seu falar é muitíssimo doce 5.16). Existe o compartilhamento (eu sou do meu amado e o meu amado é meu 6.3) e palavras de afirmação (como a alva do dia, formosa como a lua, pura como o sol 6.10). Há também no período da Lua de Mel os desafios. Um dos mais importantes deste período é a ruptura do “cordão umbilical”. Isso não significa esquecer os pais, mas deixar de trazer para a nova relação costumes da antiga que vão prejudicar a convivência. Isso varia desde a dependência afetiva ou econômica, até ao tempero da comida, programas preferidos, lugares prediletos e etc. Outro desafio é fixar apenas no lado prazeroso da vida de casais e não assumir suas responsabilidades. Os passeios, os presentes e a aquisição de bens geram alegria no casamento. Trazem a sensação de progresso e liberdade, mas isso tem um preço. É preciso ter boa administração financeira e não se prender a dívida que não se possa pagar, pois isso pode gerar ansiedade e aprisionamento na vida do casal. É preciso entender que a liberdade é relativa, e que a liberdade em relação à tutela dos pais não se aplica definitivamente, pois após o casamento o casal deve compartilhar seus desejos e suas necessidades. Até mesmo o direito de permanecer calado pode prejudicar a relação. A manutenção e o desenvolvimento da comunicação é responsabilidade do casal. Saber expressar o pensamento de modo que o outro entenda verdadeiramente e buscar compreender o que o outro quer dizer de fato é um exercício a ser aprimorado dia após dia. E o último desafio é não renunciar o EU, em favor do NÓS. As decisões mais importantes da família devem ser tomadas em comum acordo. Decisões que envolvem dinheiro, ética e saúde devem ser tratadas com o diálogo entre os dois. Às vezes um do casal esteja convicto de um caminho a seguir, mas o ponto de vista do outro pode acrescentar um detalhe que mudará o caminho, ou até mesmo trazer confirmação e segurança na tomada de decisão.
2. A Lua de fel!A expressão Lua de Mel vem da cultura Árabe e sua aplicação se justifica no período em que o casal desfruta dos bons momentos do início do casamento. Após estes momentos segue o que para muitos é o despertamento para a realidade, a Lua de Fel, o momento do azedume, que seria a imposição da triste realidade cotidiana da vida. A ironia Árabe nos ajuda a entender um dos ciclos mais tensos na vida do casal, quando eles se descobrem de verdade. A Lua de Mel vai geralmente do casamento até os 2 ou 3 anos de casados. A Lua de Fel vai dos 3 aos 10 anos. Neste momento algumas expressões novas podem surgir, do tipo: Não sabia que você era assim! Não sabia que nós éramos assim! Estas descobertas podem ser no sentido negativo: Não sabia que você era tão desanimado! Ou positivo: Não sabia que você era tão atenciosa! Este é um ótimo momento para o amor criar raízes. O amor se aprofunda com o conhecimento que a cada dia deve mostrar a beleza do amado ou da amada. A Bíblia registra este ciclo na vida de Salomão e Sulamita assim: Na intimidade cada detalhe é reconhecido e valorizado como fruto do verdadeiro amor (os passos e os quadris 7.1, o umbigo 7.2, os seios 7.3, o pescoço 7.4 e a cabeça 7.5). O relacionamento passa pelos frutos do outono e pelo frio do inverno: O amor maduro é o amor voluntário (não desperteis o amor até que ele queira 8.4), o amor quando amadurece se torna forte e duro (8.6), o amor quando amadurece se torna um fogo cujas águas do mundo inteiro não poderiam apagar e nada na vida pode fazê-lo diminuir (8.7). Neste momento algumas características são dominantes. Geralmente é a época que os filhos chegam e outras mudanças acontecem, na rotina (inclui a necessidade dos filhos), na liberdade (o bem dos filhos é prioridade), na perca de sono (noites passadas em claro), no aumento do esforço físico em prol da família (em cuidar e brincar) e até na interferência da família (os avôs querem ensinar a educar os filhos, com moderação é uma ajuda bem vinda). Quando os filhos são filhotes o maior desgaste é o físico. Os pontos mais críticos são:
a) Cônjuge não assumir sua responsabilidade de pai ou mãe, sobrecarregando o outro cônjuge (trocar, dar banho, alimentar e educar também é tarefa paterna);
b) Cônjuge se fixar apenas nos filhos, colocando o outro cônjuge em segundo plano (a mãe não deve esquecer que também é mulher e deve se preparar para o marido); c) Cônjuges não renunciarem a badalação e terceirizarem a criação dos filhos (os avôs não podem ser usados como babás).
d) Cônjuges que não sabem colocar limites nos filhos e acabam sendo dominados por eles (o equilíbrio entre sim e não irá conduzir sua família livre do mal).
3. A consolidação!É através do aprendizado do cotidiano, após a superação das experiências vividas, as ruins e as boas que o amor amadurece. O amor maduro se torna invencível. Se fosse um fogo as águas do mundo inteiro seriam insuficientes para apagá-lo. O amor verdadeiro vence qualquer barreira e supera qualquer adversidade. O amor não é só um sentimento de desejo, mas se manifesta no cotidiano através de gestos de amor. O amor sempre se manifesta apesar das circunstâncias. Na saúde, na doença, na riqueza e na pobreza. O amor sempre existirá e é a razão de se unirem e permanecerem unidos por toda a vida. Neste período os filhos estão maiores. É quando a casa fica cheia de amigos dos nossos filhos. As características dominantes são: tratamento das influências externas sobre os filhos (amigos, escola etc); respostas aos porquês e questionamentos dos filhos (desgastes mentais); participação dos filhos na agenda do casal (férias, viagem etc). Quando o tempo de casamento já está entre 16 à 25 anos os filhos já estão na juventude. Neste momento eles querem ser independentes em algumas coisas e dependentes em outras. Cabe aos pais com sabedoria proteger seus filhos do perigo e ao mesmo tempo dar responsabilidades. Quando os filhos estão na fase e querem andar mais sozinhos o programa a dois do casal está de volta, mas agora os pais do casal estão velhos e precisam de cuidado. Os desafios financeiros aumentam com o cuidado com a saúde e no investimento na educação ou no casamento dos filhos. O casal precisa se preparar para o esvaziamento do ninho. Agora, além de cuidar dos filhos virão os netos, os segundos filhos. Novamente o casal pode dizer novamente: Enfim, sós! Além do romantismo, este é um momento de recomeçar e repensar o futuro. É um momento de gratidão onde podem dar todo o cuidado que receberam e passar adiante. Quando a aposentadoria o casal precisa entender que as necessidades com a saúde aumentarão. O tempo vago pode ser preenchido com novas descobertas e com a recordação do passado, porque afinal, recordar também é viver. É preciso no final desta reflexão escolher que tipo de amor vamos deixar criar suas raízes em nós e manifestar o seu fruto. A filosofia grega desenvolveu duas principais idéias a respeito do amor, o Platônico e o Aristotélico. O amor platônico é aquele que só se sente e se manifesta com a ausência da pessoa amada. É um amor que não pode ser facilmente reconhecido pela pessoa amada. Para Platão o amor e eros, desejo, pois se desejo? busco, se busco? logo, busco o que não tenho, pois ninguém busca o que tem e sim o que não tem, desta forma o desejo logicamente acabará se a falta for suprida, então o amor de Platão é uma constante busca infinita, nunca está realizado, já que já era dito “o conquistador é movido pelo desejo da conquista e não pelo objeto a ser conquistado”. Já Aristóteles define o amor como Philia, que nada mais é que alegria, o amor da alegria é aquele que quer que o momento seja eterno, o convívio com a família, esposa, namorada, que se ama, deve ser duradouro, com o curso que faz, com a profissão escolhida, dessa forma não há rejeição ou pressa de que o que se faz acabe pois aquilo que se escolhe fazer é aquilo que nunca deveria acabar, um momento eterno.
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