Objetivo Específico: Mostrar a igreja que o comprometimento com o Reino de Deus traz sofrimento, mas traz também alegria que justifica toda lágrima.
Proposição (grande ideia): O preço de seguir a Jesus é a renúncia pessoal e a recompensa do preço pago é a contemplação de vidas no Reino de Deus.
Introdução (captação)O Reino de Deus é repleto de bênçãos. Mas antes de vermos suas bênçãos precisamos estar dispostos a pagar o preço de seguir a Cristo. Em todos os negócios vemos a propaganda que destaca as vantagens e o preço baixo, mas Jesus nunca enganou ninguém e afirmou desde o início que sua empreitada tem um alto preço a se pagar. O preço é tão alto que pode custar tudo que alguém pode ter, até mesmo a própria vida.
1. O discipulado traz sofrimento e este sofrimento não pode ser ocultado. (v. 26-28)Em alguns momentos durante o seu ministério Jesus se dirigia apenas aos seus discípulos. Nem tudo que Ele ensinava estava aberto ao público. “Dizer nos eirados o que vos disse nos ouvidos” significa que as confidências de Jesus deveriam ser publicadas. Para alguns comentaristas o conteúdo destas confidências diziam respeito ao Reino de Deus, para outros eram os sofrimentos que os discípulos teriam diante das perseguições, ou seja, os discípulos deveriam denunciar a perseguição sofrida. Ambas idéias cabem nos versículos. Apesar das perseguições os discípulos não deveriam temer seus opositores. Jesus ensinou que não poderiam ter medo do que os homens pudessem fazer a eles por anunciar todo o evangelho. Ao invés de temerem os homens pelo que eles pudessem fazer, eles deveriam temer a Deus pelo que Ele pode fazer. Os opositores do Reino podem no máximo levar a morte seus anunciadores, mas Deus pode além de levar a morte lançar a alma no inferno. Ou seja, para o discípulo o mais importante não é a morte física, mas a morte espiritual. A morte do discípulo é o clímax da perseguição, mas os discípulos não temem a morte, pois sabem que a alma sobrevive à morte. Os discípulos não devem temer, ao contrário, eles devem ter ousadia e alegria por testemunhar do Reino. Deus jamais deixaria de notar o sofrimento dos seus discípulos e a certeza da vitória final faz com que os discípulos não temam seus perseguidores.
2. Deus tem um cuidado especial para com aqueles que sofrem pelo Reino. (v. 29-31)Jesus declarou que os cabelos da cabeça são cuidados por Deus. Isso mostra que cada detalhe da vida do discípulo que trabalha em prol do Reino é importante para o Pai. Deus tem um cuidado especial para com aqueles que sofrem pelo Reino. Esta declaração é a maior prova da Bíblia que Deus não se alienou ao universo após criá-lo, antes continua cuidando de cada detalhe da criação. O Mestre utilizou do conhecimento popular, “Eu que enumero todos os cabelos de todas as criaturas”, dito popular dos judeus. O cabelo não é uma parte essencial para a vida de alguém. Se Deus cuida de alguma coisa tão insignificante, não cuidará daqueles que dão a sua vida pelo Reino?
3. Uma simples confissão vai garantir uma grande confissão. (v. 32-33)Jesus exortou seus discípulos a o confessarem, mesmo em meio aos momentos mais tenebrosos de suas vidas. Para confessar Cristo é preciso se identificar com Cristo, tanto em seus ideais quanto em seu sofrimento pelo Reino. A confissão que Jesus espera dos seus discípulos precisa ser autêntica. O discípulo não pode negar ou trair sua confissão, como Pedro e Judas fizeram. Confessar não significa apenas honrar a Cristo num momento da vida, mas até o fim da vida. A afirmação de Jesus é de que quem dá testemunho dele diante dos homens terá seu testemunho dado por Jesus a Deus, ou seja, o simples testemunho dado aos homens vai resultar na vida do discípulo no grande e magnífico testemunho dado por Jesus diante de Deus. Pode parecer que Jesus nos trata como o tratamos, mas não. Seria isso se Ele desse testemunho de nós diante dos homens também, mas Ele promete dar o testemunho diante de Deus, o que é infinitamente melhor, isso é graça.
4. A renúncia pessoal mostra a dignidade do discipulado (v. 34-39)Seguir a Jesus tem um preço, ser discípulo. O discipulado é marcado pela renúncia pessoal. A renúncia torna o discípulo digno de Jesus. Sem renúncia é impossível ser discípulo. Sem renúncia não há dignidade no discipulado.Esta renúncia só acontece mediante as decisões. As decisões revelarão a vida do Reino que se contrastará com o sistema de valores mundanos. O Reino poderá causar divisões entre os seres humanos em suas relações pessoais. Diferentemente como os judeus esperavam a divisão que o Reino de Deus trouxe foi entre indivíduos, e não entre nações. Os israelitas esperavam que o Reino viesse para causar independência política de seu povo, porém os efeitos do Reino vieram de modo pessoal. Jesus citou Miquéias 7.6, um sinal da vinda do Messias: Pois o filho despreza o pai, a filha se rebela contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os seus próprios familiares. Os laços familiares são os relacionamentos mais valiosos que existem. Porém em muitas vezes a paz familiar, não é uma paz saudável, e que precisa ser substituída pela perfeita paz. Stier disse: “A melhor e mais preciosa paz na terra, que também é a base de toda a paz, é a paz doméstica e a harmonia da família. Mas, enquanto tal paz estiver em alicerce falso, terá de ser quebrada, para que seja introduzida a paz de Cristo”. O amor a Cristo deve ser maior que o amor natural. A idéia é que o amor tenha degraus e no topo mais alto esteja o amor ao Pai. Deus é o nosso Pai. Jesus é o nosso irmão. Os discípulos do Reino são os nossos irmãos. Está será uma família que vai durar para sempre. Muito mais valiosa que a família natural. Entre um pai terreno e um pai celeste escolhe-se o Pai celeste. Entre um irmão terreno e Cristo, um irmão celeste, escolhe-se um irmão celeste. Entre um noivo terreno e um noivo celeste, escolhe-se o noivo celeste, Cristo. O discípulo que não toma este tipo de decisão não merece ser discípulo de Cristo. Que a divisão familiar seja, se preciso for, por causa da influência do Evangelho e não por falta de amor entre os entes. A renúncia é o preço do discipulado. Mas não há nada de valor que tenha sido renunciado pelo discípulo que não lhe traga uma alegria multiplicada. Adam Clarke disse: Qualquer coisa que o homem sacrifique a Deus jamais se poderá perder, porque o homem a achará novamente em Deus. Romper com a família por causa do Reino é uma decisão radical comparada a tomar uma cruz. Jesus estava fazendo uma pequena alusão a sua morte. Também mostrando que ser seu discípulo significava ser envergonhado e sofrer por causa do Evangelho, como era a crucificação. E estava dizendo mais, assim como as pessoas que morriam na cruz carregavam sua cruz o discípulo que traz o Reino, traz consigo sua sentença e por causa dela vai sofrer e morrer. Não foi a única vez que a vida e a morte foram tratadas como um paradoxo. Eurípedes disse: Quem sabe a vida não é morte, ou se a morte não é vida? Na verdade Cristo transformou com sua vitória a cruz símbolo de vergonha e morte, em um símbolo de virtude e vida. A vida é como uma cebola cheia de camadas, mas no seu interior não tem nada. A vida não tem sentido em si mesma, e por si mesma é incapaz de produzir frutos plenamente satisfatórios ao ser humano. A utilidade desta vida não é adquirir bens, propriedades ou fazer grandes passeios. A utilidade desta vida consiste em ganhar o destino que Deus tem reservado para ser humano, que é uma vida espiritual do mundo vindouro.
5. A grande recompensa do Reino é a felicidade do outro (v. 40-42)Jesus estava encerrando seu discurso aos discípulos. A partir daí eles deveriam sempre levar o Reino para as pessoas e enfrentarem as oposições devidas. Mas Jesus não poderia encerrar desta forma tão tensa. De repente o discurso de Jesus muda a tonalidade e flashes da graça passam a iluminar o futuro dos discípulos quando Jesus passa a falar sobre os galardões. Quem recebe um discípulo está recebendo a Jesus e quem recebe a Jesus está recebendo o próprio Deus que o enviou. O Mestre então confirma que o testemunho dos discípulos, embora cruel, terá os seus frutos. Suas vidas também sacrificadas e produzirão outras vidas. Novas pessoas, através do testemunho dos discípulos, receberão o Reino de Deus. Os discípulos são bem aventurados por participarem deste divino processo.Para os outros ficou a mensagem que mostra a necessidade de receber e tratar bem a qualquer pessoa. Quem receber um profeta como profeta receberá galardão de profeta mesmo sem ser profeta. Um simples copo de água não passará despercebido pelo grandioso Deus que é cheio de compaixão. O Reino de Deus é uma bênção em si mesmo, e vale a pena sofrer por este Reino desde que ele esteja em nós.
Conclusão (aplicação)Embora a missão a qual os apóstolos foram enviados tenha sido dolorosa, certamente eles cumpriram bem esta missão. O Reino de Deus se instalou em todos os povos. O preço de sangue foi pago. Pedro morreu crucificado em Roma. André morreu crucificado na Grécia. Filipe morreu apedrejado em Hierápolis. Bartolomeu foi amarrado e lançado no mar. Mateus morreu atravessado por uma espada. Tomé morreu com flechadas do rei Milapura. Simão morreu no massacre em Roma. Tiago maior foi decapitado em Jerusalém. Tiago menor foi apedrejado. Judas Tadeu morreu por espancamento. Estes homens deram suas vidas para o Reino. Em que você tem investido sua vida? Numa grande carreira? Num imóvel sonhado? Existem muitas coisas boas na vida, mas a causa pela qual realmente vale à pena viver é a do Reino de Deus. Mesmo que esta causa traga um sofrimento, este é passageiro e a alegria de ver pessoas vivendo o Reino de Deus supera toda a dor.
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